quarta-feira, 11 de junho de 2008

A Manchete

Parecia ser um dia como outro qualquer, eu Fátima Zoraide, abrira minha banca de jornais ainda de madrugada, como sempre fazia, e entre um bombom e outro (ah... bombons sempre foram meu maior vício), eu passava os olhos pelas manchetes dos jornais, até que vi o que me parecia impossível, FILHO DE MILIONÁRIO SEQUESTRADO, essa foi a manchete que mudou para sempre a minha vida.

Ao ler aquilo perdi os sentidos por algum tempo, fiquei desolada, desesperada, parecia impossível, de imediato peguei meu celular e liguei para Dorisgleison Silva, meu amigo de infância, ex-investigador de polícia e o único que conhecia a verdade.

Dorisgleison fora afastado da polícia por cometer um grave erro, em uma emboscada ele matou um companheiro de profissão, desde então sofria pelo ocorrido e não possuía nenhuma perspectiva de futuro. Porém, eu sabia que o único que poderia me ajudar seria ele.

Assim que atendeu ao telefone, ele reconheceu minha voz de imediato, e veio a confirmação, meu filho tinha sido seqüestrado. Sim, meu filho. Quando era muito jovem, eu, Doris e o P. P. éramos inseparáveis, em um momento de minha vida me apaixonei pelo Doris e tivemos um lindo romance, mas P. P. fez de tudo para me conquistar e conseguiu, mas essa conquista era apenas um capricho, e não teve um final muito feliz.

Há 12 anos atrás, depois de me encontrar com P. P. por uma incrível coincidência, tivemos o que os jovens hoje chamariam de “flash black”, e foi nesse momento que engravidei de P. P. Júnior, o P. P. estava casado e sua mulher não poderia engravidar, quando dei a notícia a ele, imediatamente veio a proposta, eu teria nosso filho e o entregaria de imediato a ele, para que o criasse.

Foi nesse momento que fiz a grande besteira de minha vida, como não tinha condições financeiras para dar ao menino tudo de bom que ele certamente merecia, eu o entreguei ao pai ainda na maternidade, o Dorisgleison acompanhou tudo bem de perto tentando me apoiar, mas desde aquele dia eu nunca mais havia ouvido falar nele, até aquele momento.

Bom, voltando ao tal dia da manchete no jornal, o Doris de imediato veio até a minha banca de jornais ao meu encontro, e me contou detalhadamente o que estava acontecendo, já que o P. P. havia ido procurá-lo pedindo orientação e ajuda. E felizmente naquele exato momento tocou o celular dele, e aliviado ele me disse que o seqüestro havia tido um final feliz, o milionário pagamento havia sido efetuado e P.P. Júnior estava indo para a casa com o pai.

Foi então que eu decidi contar toda a verdade, não me perdoaria se algo de ruim acontecesse ao meu filho, e ele não soubesse quem era sua verdadeira mãe e o quanto, mesmo longe, eu o amava.

- Então, minha filha! Você vai publicar tudo? Tudo mesmo do jeito que te contei? Está boa essa pose para a foto?

- Publicarei sim D. Zoraide. Certamente. Mas tenho uma última pergunta. Por que a senhora não procurou o menino diretamente para lhe contar a verdade?

- Essa é fácil minha querida. Porque o P.P. disse que me mataria se eu o fizesse.

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