quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Menino Rei

Ao abrir a porta do quarto, apenas um corpo. Caído.

Os olhos vasculharam todo o quarto em busca, talvez, de algo que negasse a cena à sua frente. Mas, infelizmente, não havia como mudar a realidade, logo ali, via-se aquele corpo frágil, mirradinho, deitado de lado, coberto por um pijama com desenhos infantis, nos pés, meias azuis, o corpo aparentemente sem vida, sem cor, sem ar, sem o último suspiro.

Mas alguma coisa chamou sua atenção, tinha algo de errado naquela cena, alguma coisa que destoava, como uma desafinada melodia, fúnebre e desafinada.

Uma bagunça incomum, sim, todo o quarto revirado de pernas para o ar, mesmo ainda imóvel, ainda na porta do quarto, sem ter coragem de dar um único passo em direção àquele corpo, sem confirmar a vida que lá não mais havia, notou-se a estranheza da cena.

Um passo para trás, sua primeira reação foi tentar sair dali, descer a escadaria correndo e chamar os seguranças, mas não conseguia, não sem antes ter certeza de que aquele corpo não tinha mais vida.

Voltou com o pé no mesmo lugar que estava, suspirou fundo, tomou coragem e passo a passo, devagar, ao seu tempo, foi aproximando-se vagarosamente daquele corpinho pequeno, quase que infantil, deu outro suspiro, esse mais profundo, tomou mais coragem e ajoelhou-se diante dele.

Constatou, não havia mais um sopro de vida nele.

Saiu correndo, desceu as escadas como um raio, abriu a porta da frente da imponente mansão e tirando forças de sabe-se onde, gritou: ELE ESTÁ MORTO! ELE ESTÁ MORTO! ELE ESTÁ MORTO!

Em segundos, aproximaram-se quase uma dúzia de homens, todos com o mesmo uniforme azul marinho, empurraram-na subitamente e subiram os 57 degraus da escada que os levaria ao quarto dele, chegaram ao último degrau, ofegantes, desesperados, assustados com a possibilidade do que os esperava.

Entre olharam-se, e mesmo sem uma única palavra decidiram quem seria o primeiro a entrar naquele quarto. Aparentemente ele era o chefe, aparentemente ele era o mais velho, aparentemente ele era o único capaz de enfrentar o que os esperava.

O inevitável, a visão daquele corpo, primeiro um suspiro, depois a procura dos olhos que o observavam para a confirmação, depois uma busca minuciosa por uma resposta e só então que notou uma sombra.

Uma sombra que o observava, que observava a todos, que observava aquela triste cena.

Dá alguns passos até o closet, a porta semi-aberta o permite observar um vulto conhecido. Para. Pensa. Olha o corpo caído. Olha o vulto que o observa. Confuso recua alguns passos.

Avalia toda a cena novamente. Busca passar orientações aos outros, apenas pelo olhar. Conta mentalmente, até três.

Pronto! O vulto, deixou de ser vulto, estava cercado, na claridade, e todos o observam assustados.

O corpo caído e aquele que estava na sua frente, eram idênticos, gêmeos, sósias. Difícil de dizer qual o verdadeiro. A não ser pelo detalhe de que ele não usaria aquelas roupas, àquela hora do dia, sem nenhum motivo, a não ser por outro detalhe, uma arma, em suas mãos, imponente, como um troféu.

Algemaram-no. Pegaram o telefone no criado-mudo. Ligaram para a polícia. Esperaram.

Assim que os médicos confirmaram a morte, assim que os policiais removeram aquele sinistro personagem, assim que ficou um vazio dentro de todos eles, ouvi-se bem baixinho:

- Maldito seja esse fã doentio. Ele matou o Rei da Pop Music. Ele matou Michael Jackson. Maldito seja para todo o sempre!

terça-feira, 23 de junho de 2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Você sabe escrever?

Quando perguntamos à alguém se sabe escrever... prontamente a pessoa responde que sim... ela pensa logo no escrever... de saber assinar o próprio nome... ou juntar as letrinhas formando palavras... mas escrever não é apenas isso... escrever é uma arte... é um dom... escrever é conseguir passar o que você está pensando... o que você acredita... o que você sente...

Muito me espanta... quando ouço dizerem que não gostam de ler... mas gostam de escrever... não entendo isso... então escrevem mas não leem o que escrevem... isso explica boa parte das porcarias que publicam por ai... e olha que em tempos de internet... Blog... Orkut... Twitter... isso não é difícil de achar...

Nessas horas me recordo do memorável Sassá Mutema... que tinha como sonho saber ‘escrever de carreirinha’... mas escrever de carreirinha não é saber escrever... isso é apenas juntar letras formando palavras... que formam frases... na grande maioria... mal construídas... sem sentido... vazias...

Eu aqui... escrevendo nesse momento... tentando passar minhas opiniões e divagações... não sou digna... ainda... de ter uma cadeira na Academia Brasileira de Letras... mas esforço-me para não matar a gramática... insultar o português... ou pior ainda... desrespeitar o meu leitor...

O talento de quem escreve... não consiste apenas... em algo que se nasce com ele... mas também na prática... no exercício diário... no hábito da leitura... e acima de tudo... no amor... amor pelas palavras... por essa sopa de letrinhas... que juntas... transformam as pessoas... a história... o mundo...

Escrever é para os fortes... fortes de caráter... de ideias... de ideais... de sentimentos... escrever é para quem fala o que pensa... para quem pensa no que fala... para quem escreve no que pensa e fala... para quem fala e pensa no que escreve...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Cinema Nacional

O cinema nacional por muitos anos foi visto com maus olhos por todos nós, e também não era pra menos, os filmes conhecidos como porno-chanchadas acabaram com as expectativas.

Um bom tempo depois dessa fase, na década de 90 especificamente, com o lançamento de O Quatrilho e a indicação ao Oscar, fez que o cinema nacional fosse notícia novamente, mas ainda estava bem longe de ser o que é hoje.

Infelizmente O Quatrilho tinha cara de minissérie global, e também não era para menos, fora produzido pela Globo Filmes, com alguns dos principais atores globais compondo o quarteto de protagonistas.

Foi então que o novo milênio trouxe boas novas para nossas telonas, finalmente nosso cinema mostrou algo de relevante, contando histórias de todos os gêneros e o estereótipo de minisséries foi sendo esquecido, não totalmente, mas em boa parte.

Hoje, não consigo me referir ao Cinema Nacional sem citar filmes em que estejam três atores em especial, Rodrigo Santoro, Wagner Moura e claro Selton Mello. Particularmente acho que já virou uma regra, filme que é bom tem que ter obrigatoriamente algum deles no elenco.
Você está duvidando? Eis as provas, Bicho de Sete Cabeças (Rodrigo Santoro), Deus é Brasileiro (Wagner Moura), Carandiru (Rodrigo Santoro e Wagner Moura), Tropa de Elite (Wagner Moura), Caramuru – A Invenção do Brasil, O Auto da Compadecida e Meu Nome Não é Jonnhy (Selton Mello) e o recente Os Desafinados (Selton Mello e Rodrigo Santoro).

Fácil, não foi? Essa foi a prova, pena ainda não ter um filme com os três, certamente sucesso absoluto. Não que os outros filmes sejam de má qualidade ou não tenham nada de interessante, mas quando esses três estão no elenco parece que explode, nitroglicerina pura.

Óbvio que não posso deixar de citar sucessos como Eu Tu Eles, Cazuza – O Tempo Não Pára, Cidade de Deus, 2 Filhos de Francisco, O Ano Em Que Meus Pais Saíram De Férias, entre outros, mas o diferencial parece estar no elenco, todo esse ai possuem um elenco de peso como Paulo Autran, Raul Cortez, Lima Duarte, Regina Casé, Fernanda Montenegro, mas parecem não ter um ‘borogodó’, que os três possuem.

Existem ainda os exemplos dos atuais sucessos de bilheteria como, Se Eu Fosse Você 2 e Divã, mas isso é um caso a parte, há pessoas que gostam de ver novela na tela do cinema, mesmo, fazer o que né, tem gosto pra tudo.

Bem, e para você que ainda tem pré-conceitos e preconceitos quanto a ir ao cinema assistir um filme nacional, para de besteira e prestigie o que temos de bom, há tempos que já somos respeitados internacionalmente, mas aqui parece prevalecer aquele velho ditado, ‘santo de casa não faz milagre’.

Triste, mas infelizmente tem sido assim, então cabe à você fazer a diferença. Assista à filmes nacionais, eles são bem dirigidos, com fotografias espetaculares e um elenco, na grande maioria, de primeiro escalão.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Anjos & Demônios – O Filme

Sobre Anjos e Demônios, inspirado na obra do escritor Dan Brown, muito se falou, muito se ouviu, mas por quê?

Por hipocrisia, talvez, de uma entidade tão acusada por seus crimes, que hoje é neurótica, egocêntrica e com mania de perseguição.

Por que cargas d’água esse filme está sendo amaldiçoado pela Santíssima Igreja Católica? Bom, não entendi, se alguém puder desenhar eu agradeço...

Mas vamos ao que interessa realmente, o filme.

Incrível, indescritível, instigante, inteligente e inigualável...

Juro! Por todo o filme eu achei que o bandido fosse outro, que o bom moço fosse outro, que tudo fosse outro e como era de se esperar, como já seria uma tradição se colocarmos em cheque O Código Da Vinci, no final o fim é diferente, de tudo aquilo que você ousou pensar por 120min, o que decide mesmo todo o estratagema, todo o conteúdo são os últimos 20min, como em uma final de Copa do Mundo, de 140min totais, fica tudo nos 20, na decisão por pênaltis.

Confesso que, preciso assistir ao menos mais uma ou duas vezes, afinal são muitos detalhes, muitos pontos que acabam passando despercebidos pela ansiedade. E ao contrário de alguns, senti falta sim, muita falta dos ‘desenhos’ que pairavam no ar, fazendo as associações, não que fosse ajudar muito quem não estava entendendo nada, mas gostava de ver como a cabeça do Robert Langdon, vivido maravilhosamente por Tom Hanks, funciona.

E por falar em Hanks, quem não se lembra dele em Forrest Gump - O Contador de Histórias, onde fazia o papel de um rapaz ‘especial’ com o QI abaixo da média? Bem, agora ele faz o papel de um renomado professor de Harvard.

Moral da história?

Quem nasceu Forrest Gump um dia ainda será Robert Langdon!