Nunca esquecerei aquele 8 de março. Foi um dia daqueles, que nem deveria ter saído da minha cama.
Quando entrei no ônibus e vi aquele cartaz colado bem atrás do banco do motorista fiquei indignado, e no caso bem atrás do meu banco, já que era eu o motorista daquele ônibus.
O cartaz dizia “Ninguém nasce mulher, torna-se”. Eu nasci cabra macho e vou morrer cabra macho. O que o povo da Bahia pensaria de mim se visse aquele cartaz colado bem nas minhas costas?
Estava um “fuzuê” danado, cada um que entrava tinha uma visão diferente daquela frase. O pessoal de um jornal estava lá perguntando a opinião dos passageiros, até a minha vieram perguntar.
E para piorar entrou uns engraçadinhos que ficaram gozando da minha cara, minha vontade era colocar todos para fora, mas eu seria despedido. A empresa era rígida com a nossa conduta.
Maldito dia. Não acabava. Nunca houve tanta falação dentro daquele ônibus. Eu não agüentava mais, achava que minha cabeça ia explodir.
E hoje, quase um ano depois, véspera do dia 8 de março, estamos todos apreensivos em imaginar qual será a homenagem que a empresa fará esse ano para as mulheres. Deus queira que não seja para usarmos um uniforme rosa, porque eu não teria outra escolha a não ser pedir as minhas contas. Seria muita humilhação para um cabra macho como eu.
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